terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Exu Comeu Tarubá

O ar estava duro, gordo, oleoso:

a negra dentro da madorna;

e dentro da madorna - bruxas desenterradas.

No chão uma urupema com os cabelos da moça.

Foi então que Exu comeu tarubá

e meteu a figa na mixira de peixe-boi.

Aí na distância sem fim, moças foram roubadas,

e sóror Adelaide veio viajando de rede,

era alva ficou negra, era santa ficou lesa:

caiu na madorna, o ar duro, gordo, oleoso.

Exu começou a babar a mixira de peixe-boi,

o professor tirou o pincenê: estava traído pelo donatário,

sem barregãs, sem ginetes, sem escravos.

Aí na distância sem-fim, viajando de rede

D.Diogo de Holanda veio parar na madorna,

o ar duro, gordo, oleoso.

Exu começou a lamber a mixira de peixe-boi:

Isabel Lopo de Sampaio desvirginou o moleque,

Jogou-se no rio, virou ingazeira, pariu três macacos.

Viajando de rede vieram três macacos parar na madorna,

o ar duro, gordo, oleoso.

Eis aí três cirurgiões cosendo retrós,

a bela adormecida no século vindouro

que esquecerá por certo a magia

contra tudo que não for loucura

ou poesia.


POEMA DE JORGE DE LIMA

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