quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

como o "Sol dos Poros" vai reagir aos olhos do leitor, como o leitor vai se queimar ao ler o "Sol dos Poros"? é uma questão irrespondível. pode ser que no ano de 2666 de roberto bolaño, Sol dos Poros esteja no limbo das massas cinzentas,... nos bolsos furados dos poetas, nas estantes empoeiradas... nos bares exaltados e de ponta-cabeça, garrafas quebradas, e o poeta rafael dourado citado com seus poemas nos violões. cantores do futuro! o presente necessário nos inflama muita fé, muita fúria. os fantasmas precisam ser exorcizados, vomitados, cagados, chorados, surtados! "É preciso um tanto de loucura". ufa!!! urra!!!! longe de mim renunciar as gírias e sussurros!!!!!! Alegria, eis a subversão!!!
Dançar para transformar, poetar para transformar todo o mar revolto do dizer, clara. Do dizer chega. A ponto de dar um troço, suar até derreter, pode ser q algo esvaia nesse bolo desassossegado.
Pela avenida que atravessa o domingo
com uma flor branca na mão direita
o pôr do sol
no bolso da blusa amarela

você no cimento áspero
em maio
braços movendo as auras
os automóveis
pessoas em formas retas e longilíneas

os fantasmas imóveis entre o coração o fígado
os pâncreas os rins o esôfago
e o cérebro embalado na inquietude

dos silêncios ecoando entre a inspiração
e a expiração

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

o que há de suportar
para transpor o amargo rancor
através do peito
milimétrico e sussurrado
de toda chaga

atracado pela lua
palmas cruzadas

o que haverá de passar
para passar pra frente
o que haverá de colher
palmo a palmo nascer

desse buraco negro
que invisível o chão sustenta?

sábado, 21 de novembro de 2009

A revolta se agita
fluindo a indignada voz
pelas estradas dos homens
que retornam do silêncio
seu medo.
Eu não mais sou quando minutos fui.
Agora toco piano ao mesmo tempo
que ouço o farfalho das máquinas antigas
misturando o musical de mim
a cada instante, cada ser.
Ensaio formas de luta.
Ontem,
fui junto às estrelas,
esfacelei-me na relatividade
quando a Era da Teoria era
uma espécie de fuga.
Vivia a tomar goles de cansaço
na beira da guerra que a loucura
se encarregou de aparecer.
Não basta!
Por quantos universos virão ao meu
Eu recebo tua ira
e te mato logo a frente.

poema publicado no livro Sol dos Poros