domingo, 2 de janeiro de 2011

2 ANOS SEM A PRESENÇA FÍSICA DO POETA RAFAEL DOURADO.
ESTA POESIA ABAIXO É UMA DAS ÚLTIMAS QUE ELE NOS DEIXOU:



O SAPATO PRETO

Ao entrar no quarto
tudo mais parecia um coração confuso
a bagunça era todo o mundo

sentei com cuidado
no regaço de uma poltrona que dormia

pois de lá, não muito longe eu via,
a dizer calmo seu silêncio triste,
seu luto,
um sapato preto perdido de seu par

por ali ouvia-se um cantar de absoluta viuvez

enquanto isso, o tempo punha poeira
por sobre seu antigo brilho
- como se fosse rugas

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